Nosso país cresce a passos não largos, passos miúdos, no entanto, ainda como antigamente, o Brasil é visto como o país do futuro, e das novas oportunidades. Temos alicerce para sustentar esse crescimento? Não, o que de fato me faz pensar que seremos o país do quase – quase rico, quase pobre, quase desenvolvido, quase subdesenvolvido.
No entanto, se a meu ver não teremos tantas chances futuras, temos chances no tempo presente, e o tempo presente é um tempo a ser aproveitado, e é isso que estamos fazendo, aproveitando, cada um de sua maneira, cada um ao seu estilo.
Dentro desses estilos de aproveitamento, tem um que me incomoda bastante, o estilo de não humanização dos humanos, e de hiper valorização humana dos animais domésticos, notadamente os cachorros. Foi embora aquele tempo que a maioria das pessoas se compadeciam com a pobreza do outro, com os problemas do dia-a-dia, e com a melhoria da vida coletiva.
Somos um país de consumistas, consumimos e nos endividamos muito, e um dos principais exemplos desse consumo é o alargamento dos números de pet shops. Por que as pessoas enfeitam os cachorros? Qual o real sentido disso? Pra quê comprar camisetas, calcinhas, totós, chapéus, esteiras para um animal? Pra quê dar banho de piscina, dar massagem, aparar pelos pubianos, fazer unhas? Será que o animal necessita realmente desse tipo de cultura ou queremos transformar cachorros em seres humanos?
De fato não existe nenhum problema com os cachorros, o grande problema é a humanidade no seu sentido de bestialização consumista. Ás vezes quanto melhor o índice de desenvolvimento da economia, maior o nível de gastos desnecessários e ridículos. Obviamente que gosto é gosto, mas cachorro não é gente e pronto.
O interessante que a cada vez mais pessoas adentram nesse sistema de descaracterização dos bichos e humanos, havendo uma troca de valores no que tange a questão dos direitos do homem e da mulher. Por exemplo, é muito comum na atualidade pessoas fazerem campanha para adotar financeiramente ou familiarmente um animal abandonado, ao mesmo tempo que as pessoas viram as costas para aqueles que são a sua semelhança e que por ventura estão em situação de risco.
Não se trata de não se sensibilizar com a morte e tortura de animais, trata-se de sensibilizar mais com a morte e tortura física e econômica dos sapiens sapiens. Se temos dinheiro suficiente para gastar ridicularizando os animais, por que não gastar parte desse dinheiro para melhor humanizar o nosso meio?
Não gastamos com a melhoria do nosso meio porque a grande maioria das pessoas se deixam ludibriar com o bombardeamento midiático a essa nova vertente da nossa cultura, infelizmente quanto mais deixamos nossos ANIMAIS domésticos “exóticos”, menos humanos ficamos, e mais animais não sapiens nos tornamos – VIVA !!!